Saturday, December 1, 2012

O fantasma de Salazar

Virtude dos tempos actuais que o País atravessa, bem como a grave crise económica que assola a Europa, traz sempre à baila nas conversas figuras icónicas do passado, no caso de Portugal o homem em que mais se fala é sem dúvida Salazar, considerado por muitos como o último grande Estadista Português.

Mas o que quero realçar neste post é o uso e força da palavra 'Salazar', mesmo 42 anos após a morte do Estadista Português, é como se o seu fantasma pairasse pela mente de muitos Portugueses, uns por bons, outros por maus motivos, como é o caso da esquerda Portuguesa, que em inúmeras ocasiões de debate à primeira perda de argumentos é logo lançado o repto Salazar. O jornalista do Expresso, Henrique Raposo, escreveu um texto bastante curioso no seu blog acerca dessa questão o qual intitulou de É a esquerda que precisa de Salazar. O qual cito de seguida:

É a esquerda que precisa de Salazar. Os nossos queridos progressistas e revolucionários de cadeirão precisam de ver um Salazar em cada esquina, caso contrário ficariam sem nada para dizer. Estamos em 2012, mas a esquerda só consegue atacar a direita com acusações de salazarismo. Não há contra-argumentos, só aquela acusação que procura matar a discussão à nascença. O reductio ad Salazar tem o seu quê de cómico, mas também tem um efeito dramático: impede um debate adulto e europeu sobre a tal refundação do contrato social.
Exemplos? Nuno Crato quer, e bem, desenvolver o ensino profissional em Portugal, seguindo o modelo de países como a Holanda, Áustria e, sobretudo, Alemanha . Resposta da esquerda? O governo quer regressar ao tempo da segregação salazarista entre liceus e escolas técnicas. Será que a Alemanha e a Holanda são salazaristas? Quando se procura trazer para Portugal um debate sobre a saúde assente em bases alemães, holandesas e até obâmicas , o dr. Arnaut e companhia iniciam a gritaria da "destruição do SNS" e do "desejo do regresso ao antigamente". Acontece o mesmo com a segurança social. Quando se tenta dizer que Portugal tem de evoluir para um sistema de capitalização individual das reformas , aparece logo a ventania da "destruição da segurança social e do estado social" (já agora, este sistema de segurança social é basicamente o mesmo do tempo de Salazar e Marcello, mas não digam nada a ninguém). E Isabel Jonet? Abro um revista e uma historiadora garante-me que Jonet é a representação moderna de um clube de senhoras salazaristas. Claro. Nem podia ser outra coisa.
A esquerda precisa de Salazar para esconder a sua ausência de ideias, para tapar o seu espírito reaccionário, para legitimar a sua incapacidade de falar com a direita em pé de igualdade. O narizinho empinado da espécie exige uma presunção de superioridade moral, exige uma direita sem legitimidade para propor ideias. Salazar morreu há 42 anos, mas o ditador está em todas as esquinas para fazer a manutenção daquele narizinho fofo. 


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/e-a-esquerda-que-precisa-de-salazar=f767178#ixzz2DqvQNPz1
 Concordo com tudo o que o Henrique rescreveu, é a realidade que se vê em todo o lado, nas conversas de café/bar, nos jornais, na TV, na propaganda política, enfim, em todo o lado.


Por último, quero realçar que não sou um defensor do Salazarismo aos tempos actuais, mas respeito e admiro a figura de Salazar tendo em conta a sua importância e o tempo em que esteve em vigor (estão a ver os políticos actuais a aguentar Portugal numa WWII? Pois sim claro...), quer se concorde ou não com o regime instaurado por Oliveira Salazar, ele foi mesmo o último grande Estadista Português, não há maior prova disso do que o seu fantasma estar bem vivo 42 anos após a sua morte.

1 comment:

Unknown said...

Uma pessoa lê o segundo paragrafo da tua transcrição do original e sabes qual a conclusão rápida que se tira? Que afinal as coisas no tempo da outra senhora é que estava bem feita! Afinal agora quando querem implementar os modelos dos países progressistas, não estão a fazer mais do que voltar a meter as coisas como elas eram nessa altura.

Afinal, afinal, dizem que os tempos eram retrogrados, mas vai-se a ver se calhar eram os mais vanguardistas. A inteligência do homem não pode de todo ser posta em questão!
O povo é que é retrogrado, era-o, e continua a sê-lo. E é por isso que não merece melhor que os políticos que tem. Pois a classe política de um país, é não mais que o reflexo da sua sociedade. Digo e continuo sempre a dizer isto, um dia destes vão perceber o que quero dizer com isto, e dar-me razão!!