Monday, November 11, 2013

A Maldição Joana

Para ser sincero, a palavra 'Maldição' no título deveria estar entre aspas, pois o que vou falar refere-se a um estado de espírito meu, e não a nenhum tipo de bruxedo, voodoo's ou maldições do Antigo Egipto, embora por vezes realmente pareça...

Quem é a Joana? É a minha ex-namorada. Faz precisamente hoje um mês que terminámos o namoro, por decisão dela. Só por isso faz com que isto seja um texto de dor, mas também de reflexão.

Eu sabia que estava a viver uma relação problemática, sabia e senti na pele muitas vezes o feitio irreverente e imprevisível da Joana, sabia que éramos opostos perfeitos em tudo, ideais, gostos, actividades, enfim qualquer coisa que fosse possível fazer estando os dois juntos, era sempre arruinada pelas nossas personalidades opostas. Como é possível ter surgido um relacionamento nestas condições? Havia atracção física e respeito, e é um factor mais que suficiente para nos dar a volta à cabeça retirando-nos muitos momentos de lucidez e raciocínio diversas vezes por dia. Qual o problema então? Não havia ligação mental, aquele gostos das mesmas actividades, das mesmas ideias, dos mesmos temas, dos mesmos gostos, nada de nada, absolutamente zero. Diga-se de passagem que foi essa falta de ligação mental o ceifeiro da minha relação com a Joana.

Apesar de todos os problemas, de saber que estava a jogar contra todas as probabilidades desde o início, apesar da (para mim) infeliz decisão da Joana, a verdade, é que mesmo apesar desse turbilhão de emoções fortes que constituíram o relacionamento, eu fui feliz de 24 de Junho a 11 de Outubro. Muitas vezes pensara que não, mas nunca neguei o que senti e sinto pela Joana, há coisas que não mudam simplesmente.

Costumo usar como explicação a mim mesmo, que sinto-me como Hank Moody da série Californication, isto porque, tal como Hank Moody, apesar das mulheres que passam na vida dele, de todos os episódios divertidos e caricatos, das saídas com os amigos e todos os estímulos que possa usar, a verdade é que o desejo dele é voltar sempre para a ex-mulher. Ele sabe que não é possível ter uma relação normal com ela, sabe que o seu modo de vida boémio e auto-destrutivo não permite uma relação normal e saudável com a pessoa que ama, nunca desiste de tentar fazer com que as coisas resultem, mas a sua natureza entra sempre em choque com a relação que ele pretendia ter, por outras palavras: ele não pode mudar o que é, nem quem é.

Tal como eu, fiz coisas que nunca pensei que ia fazer durante a minha relação para a conseguir manter, na verdade sabia que estava apenas a adiar o inevitável, mas era mais forte que eu, sentia-me obrigado a manter aquela relação, era o que me fazia feliz na altura, e era pela Joana que eu sentia-me atraído.

Mas tal como Hank Moody de Californication, eu não posso mudar o que sou nem quem sou, é esta a minha natureza, nasci assim e morrerei assim, para a minha relação ter ido mais além eu teria de mudar tudo ou quase tudo o que sou, seria algo impossível para mim, algo contra-natura de certa forma, o mesmo se aplica à Joana, ela nunca poderia ser algo que não é, nem eu poderia-lhe pedir isso, nunca pedi.

Serei eu uma versão miniatura de um Hank Moody? Destinado a sofrer sempre com um fantasma do passado ao qual dediquei tudo o que podia e nunca resultou? Uma maldição que me atormenta no presente e futuro? As saídas de amigos parece que perderam o sabor, o trabalho parece inglório, já estive com outras mulheres desde o fim do namoro e tudo o que me vem à cabeça é a Joana.

Hank Moody, amigo, talvez não sejamos assim tão diferentes, ambos demos tudo por algo que não estava destinado a resultar, e pagaremos a factura dessa escolha do passado até ao fim dos nossos dias.

Antes, durante e depois do namoro, toda uma sequência de eventos que evitou isto ou aquilo de acontecer, me levou à Joana, como se uma força superior me tivesse posto uma auto-estrada à minha frente, com apenas um destino e um caminho possível, algo curioso, pois pergunto-me o porquê de ter sido assim, afinal no fim, não resultou... Qual a necessidade de todo este conjunto de eventos? A vida é irónica e dura, não haja dúvida.

A verdade é que desde a Joana, nada parece resultar, seja com outras raparigas, no desfrutar dos pequenos prazeres da vida, de companhias que outrora sempre gozo me deram, é tudo isto uma situação estranha.

Howard Carter parece que despertou a maldição de Tutankamon em 1922, e parece que em 2013 eu despertei a maldição da Joana... bem sei que a culpa não é dela, mas não me lembro de outro nome para dar a tudo isto que tem acontecido desde então...

Friday, March 29, 2013

Se eu fosse Primeiro-Ministro...

Após ver as movimentações da política na TV, e de toda a gente criticar o Primeiro-Ministro ou os seus Ministros, por tudo e por nada, como manda a tradição Portuguesa, pus-me a pensar no que eu faria se fosse Primeiro-Ministro de Portugal, sem restrições, sem agradar a gregos e a troianos, tendo sempre em mente o melhor para o País em termos colectivos e não individuais, e por fim, nem tão pouco sou um democrata...

Aqui ficam algumas medidas que eu implementaria:


- Fim do financiamento estatal aos partidos, sejam grandes ou pequenos, os partidos devem ser auto-suficientes pelos seus próprios meios;

- Fim das regalias dos Ministros, vivem com o seu ordenado normal como toda a gente;

- Fim da chamada "República Parlamentar", deixaria de haver um Governo e uma Oposição, o Governo eleito teria local próprio de trabalho nas suas instalações existentes e implementaria as medidas que tem a implementar desde que esta respeitasse a actual Constituição, fim dos deputados, assentos parlamentares e respectivos custos associados;

- Presidente da República e Primeiro-Ministro passariam a ser um único cargo, fim do jogo do "rato e do gato";

- Ministros dos vários Ministérios trabalhariam em conjunto com pessoas conceituadas das respectivas áreas;

- Fim dos Sindicatos e demais grupelho do mesmo estilo, associações de trabalhadores dialogariam directamente com uma equipa do Governo criada para esse efeito;

- Fim do Rendimento Social de Inserção (RSI) e demais subsídios da subsídio-mamadeira;

- Saída da União Europeia e do Euro, criação de moeda nacional própria com valor baseado no ouro e não na dívida;

- Aposta forte no emprego jovem, no Mar, Pescas, Agricultura e Tecnologia, economia baseada na Tecnologia (estilo Japão ou EUA anos 70/80) ao invés das obras públicas;

- Pensões e ordenados públicos acima de 2 mil euros variáveis em função do PIB, ordenados e pensões mais baixas protegidas e aumentadas gradualmente caso as circunstâncias o permitam;

- Limitação ao máximo das importações, se determinado produto existe em Portugal, deverá ser prioritário a sua comercialização internamente e exportar o seu excedente;

- Incentivo ao investimento e criação de empresas de produtos e serviços em falta;

- Implementação de uma filosofia 'Europa das Nações' e não a 'Nação Europa' como a conhecemos;

- Incentivo ao boicote a produtos extra-Europeus e comercialização intra-Europeia;

- Privatização de empresas públicas com prejuízo e manutenção (ou nacionalização) de pelo menos uma empresa-chave em cada sector, de forma a controlar a concorrência e actividade económica dessa área;

- Bancos e demasiados sectores da área de alto risco, estão por sua conta e risco, se tiverem prejuízo vão à falência. Finito;

- Penalizações graves para presidentes e conselhos de administração de empresas que apresentem insolvência com facturação superior à dívida;

- Fim do direito à greve, mesma história que os sindicatos, associações de trabalhadores dialogam directamente com uma equipa do Governo criada para o efeito;

- Política de atribuição de nacionalidades jus sanguinis ao invés da actual jus solis;

- Reforma no sistema prisional, fim das prisões perpétuas e inclusão da pena de morte, prisioneiros pagam a sua "estadia" na prisão com trabalho ao invés de ser o Estado a arcar com os custos todos;

- Fronteiras fechadas, expulsão imediata de todos os imigrantes ilegais, entrada apenas com visto;

- Estritamente proibido qualquer comercialização ou consumo de drogas ilegais;

- Proibição da homossexualidade e aborto;

- Fortes incentivos à taxa de natalidade;

- Combate à desertificação e envelhecimento do interior do País;

- Regresso do Serviço Militar Obrigatório, pese adaptado a um modelo moderno;

- Criação de Brigada Anti-Corrupção com poderes absolutos dentro do seu âmbito de actuação, independente do poder político;

- Testes de captação de talento no fim do ensino básico, secundário orientado para uma vertente mais direccionada;

- Vagas no Ensino Superior proporcionais ao que o Mercado pode absorver no momento, com uma margem com base em previsões estudadas. Fim de décadas a formar pessoas em áreas onde não há emprego;

- Redução drástica de funcionários da função pública, bem como avaliações a todos, sem excepções;

- Aumento de poder às forças da autoridade e reforço do equipamento necessário;

Tuesday, February 26, 2013

"Só se vive uma vida, e da maneira que eu vivo, uma vez é suficiente." - Frank Sinatra

A famosa citação do título é da autoria de uma lenda, Frank Sinatra, uma pessoa que admiro tanto pelo seu talento musical como pelo seu estilo de vida bon vivant, mas não criei este post para escrever sobre Sinatra (a sua reputação dispensa quaisquer apresentações), mas sim sobre a sua frase, o seu sentido na vida digamos assim.

Sempre me questionei, graças a essa famosa frase do Frankie, quantas pessoas poderão realmente dizer o mesmo? Quantas pessoas no Mundo podem afirmar o mesmo que Sinatra? Sem qualquer dúvida ou hesitação? Que se sentem realizadas, que viveram uma vida plena, tão plena que o seu estado de graça em relação à vida que levaram é algo realmente invejável. Quantas? Será Sinatra o único? Não creio...

Será que para nos sentirmos realizados de forma a podermos afirmar o mesmo que Sinatra tenhamos de ser uns fora de série da sociedade actual? Temos de ser Cruzados dos tempos modernos à procura de fama e glória através de algum dom concedido pela natureza? Bom, essa parece-me ser o caminho mais "fácil" de atingir o expoente máximo, ao nível de semi-Deuses na Terra como foi Sinatra e mais uns quantos.

Voltando aos meros mortais, olhando para a minha geração, para a sua mentalidade, questiono-me: que faz esta gente na vida para poder dizer o mesmo que Sinatra? E só me vem à cabeça: NADA! ZERO!
A minha geração, nascida na segunda metade da década de 80 e inícios de 90, os últimos de uma geração nascida num tempo louco, são o oposto do tempo em que nasceram, são na sua maioria pessoas cujo conceito de sair à noite é sentarem-se numa mesa com os mesmos amigos que conhecem à 10 anos, estão casados aos 25 anos e a viver juntos com a pessoa (a típica procura do conforto tradicional) numa casa que a única garantia que dá é uma dívida para os próximos 40 anos ou mais, não têm interesse em conhecer pessoas novas e criar experiências novas, perderam a "revolta da juventude", querem ser adultos antes do tempo, a ideia outrora cliché da juventude de "beijar um/a estranho/a na noite" é agora considerado um acto de liberalismo negativo, era louvado no tempo de Sinatra, e é criticado no nosso, será o modernismo sinónimo de evolução? Segundo Nietzsche não, e eu também acho que não.
Que aconteceu à juventude louca? Que não queria responsabilidades enquanto jovem? Que procurava divertir-se ao máximo com toda a gente? Que aconteceu aos cruzados de fama e glória dos tempos modernos? Que dizer quando o sucesso vem ter com eles, e eles rejeitam o sucesso porque "estão bem, estão confortáveis" com o que têm, quando noutros tempos tinha-se de lutar duramente para se ter sucesso? Qual o trauma de arriscar dos tempos modernos? A ponto de rejeitarem o sucesso mesmo quando vem ter com eles? Seja em forma de um aperto de mão, um belo decote ou um bom cheque ao fim do mês em circunstâncias diferentes das actuais? Como é possível que uma geração maioritariamente nascida na década de 80 seja o extremo oposto do tempo em que nasceram?

Se Sinatra tivesse nascido nos anos 80, será que o conheceríamos como conhecemos? Claro que não, até poderia vingar no mundo da música com o seu inquestionável talento, mas nunca o veríamos como um modelo de vida, um gentleman para as ladies com o seu Cadillac, como um bon vivant, e porquê? Porque simplesmente a sociedade moderna não tem esta cultura, de arriscar, de divertir, de aproveitar as coisas no seu devido tempo, do live fast die young.

E é nesta mentalidade atípica que se concentra a maior parte da minha geração, uma geração desinteressante, aborrecida, azeiteira, que não se procura divertir.

Felizmente, nem toda a gente é assim, conheço pessoalmente alguns casos, eu nunca me considerei um cruzado à procura de fama e glória, mas se dissesse que não procuro realização pessoal e diversão, estaria a mentir com todos os dentes (ou com todas as teclas), não penso em conforto e estabilização antes de me sentir "realizado", aquele ponto em que dizemos "fiz o que tinha a fazer, diverti-me o que tinha a divertir-me, atingi o ponto de saturação, está na altura de dar o próximo passo", e pouco importa se isto é aos 25 anos, aos 30, aos 40 ou aos 50.

O que mais importa é no fim, podermos afirmar o mesmo que Sinatra, quando se atinge esse nível, valeu a pena a vida que levou, se uma pessoa "arruma as botas" antes de pessoalmente poder afirmar o mesmo que Sinatra, a única coisa que conseguiu foi conforto na resignação e estabilização na insatisfação.

Quanto a mim, que sou um dos que nem ousa dizer metade da frase de Sinatra, continuarei a lutar para fazer por isso, até me "encher as medidas" e sentir-me pleno nessa satisfação, e enquanto isso não acontecer, nunca irei meter a carroça à frente dos bois, mesmo nesta sociedade bastarda da cultura de outros tempos.