Friday, April 4, 2014

Entre o Ego e o Politicamente Correcto: Os "Micro-Ondas"

À uns tempos ouvi uma história no meu local de trabalho acerca do comportamento de um colega numa das suas noites, basicamente toda a gente (menos eu) estava a repreender a atitude do rapaz por ele ter corrido com uma rapariga da casa dele às 4h da matina (na Bela Vista, um bairro pouco recomendável de Lisboa) sem se ralar como ela ficaria em termos de transporte, segurança, etc...

Vamos lá meter os "pontos nos i's":

Uma rapariga "fisgada" no meio da noite Lisboeta por um rapaz, que aceita ir para casa dele, no carro dele, com a gasolina dele, para a casa arrendada dele, paga com o dinheiro do seu trabalho, é óbvio que toda a gente maior de idade e vacinada sabe perfeitamente que estas acções têm a intuição de acontecer algo forte, como sexo, é daquelas coisas que nem é preciso dizer! O que pensava ela que ia fazer? Dar festinhas ao cão? Limpar a casa? Dar comer aos peixes? Não faço ideia...

Após todos os acontecimentos, desde o momento em que se conheceram até ela estar na casa dele, e após todas as paparicações, na altura do "assalto final ao castelo", mediante a recusa dela, o meu colega correu com ela de casa.

Atitude condenável? Para mim não, não só não é condenável, como é algo que ele TINHA DE FAZER! TINHA DE O FAZER! Se ele não o fizesse, tornava-se o bobo da história toda, o tal tipo micro-ondas, o nice guy que elas tanto gostam, mas não fazem nada, e para isso já a maioria dos rapazes é assim. Era a única maneira de manter a sua dignidade após o desfecho, caso contrário ela teria ficado em casa dele, não teria acontecido nada, e a casa paga com o dinheiro do tipo seria o hotel da madame por uma noite...

Se é algo bonito de se fazer? Claramente que não, é algo necessário? É! É aqui que reside a diferença entre os homens a sério e os eternos nice guys, entre a dignidade e a moral aos olhos da sociedade.

Espero que a tipa tenha aprendido a lição, caso contrário arrisca-se a acontecer-lhe o mesmo outra vez ao próximo tipo que "arrebanhar" e que não seja um nice guy, a figura de mulher é sem dúvida bela e merece ser respeitada por todo o universo masculino, mas há limites para tudo, não façam do respeito uma elevação a divindade intocável só por ser uma mulher, façam ela merecer esse estatuto.

Vejo rapazes (e raparigas) com boas vidas, com classe, bons trabalhos, gente que estuda/estudou a sério, trabalha no duro e tudo o mais, e "derretem-se" à primeira boneca que lhes aparece à frente, muitas das vezes uma bimba que não estuda nem trabalha, passa os dias no ginásio a "afinar" o rabo e afins e tem tudo de mão beijada apenas porque tem um bom físico, mas é tudo o que ela tem. Quem vale mais? A pessoa que tem dignidade e faz-se valer ou uma parasita? Fica ao critério de cada um, para mim o primeiro vale tudo, o segundo não vale nada. E é por isso que na história contada acima, a atitude do rapaz é a correcta.

A dignidade é algo difícil de construir e muito fácil de perder.

Thursday, February 20, 2014

Eu fui à Igreja...

19 de Fevereiro de 2014, dia do meu aniversário, foi a primeira vez que entrei numa igreja por livre e espontânea vontade, sem ser em baptizados, casamentos, funerais/velórios, nunca tinha ido a uma igreja, e muito menos sozinho, como foi o caso. Tão pouco pode-se dizer que sou uma pessoa religiosa, não sou propriamente um católico, nem um pagão, nem um ateu, sou o tipo de pessoa que acha que o ser humano é demasiado imbecil para ser a força suprema existente na Terra, só isso...

Para começar, o meu dia de aniversário não é um bom dia para mim, desde a morte do meu avô em 2004, sendo o meu avô a pessoa que eu mais gostava da minha família, praticamente de alguma maneira nunca mais fui o mesmo desde 19 de Fevereiro de 2004, o resto da minha família tenta disfarçar a dor que é esse dia com o facto de ser o meu aniversário, os meus amigos dizem que é lixado mas que não posso deixar de comemorar o meu aniversário apesar desse acontecimento infeliz, opiniões à parte e cada um tem direito à sua, mas o mais importante no meio disto tudo sou eu, ou melhor, como eu me sinto, e a verdade é que não sou uma pessoa hipócrita, não vou comemorar algo com um sorriso falso de lés a lés só para agradar aos outros, eu não tenho razões para comemorar o meu aniversário, não me sinto bem em festejar o que quer que seja nesse dia, é um dia emocionalmente muito conflituoso para mim. Não tenho nada contra quem festeja aniversários, acho que fazem muito bem, mas no meu caso em particular não tenho razões para tal, infelizmente parece que ninguém compreende a minha razão de ser assim no meu aniversário, mas como se costuma dizer: uma coisa é ouvir, outra é sentir na pele. Espero muito sinceramente que as pessoas que eu gosto não sofram o mesmo que eu sofri (e sofro) no seu dia de aniversário, gosto que me dêem razão, mas certos fins não justificam os meios. Gosto que as pessoas se lembrem de mim e me dêem os Parabéns, é sempre bom saber que se lembraram de nós, mas festarolas, jantar fora, copos e afins, no dia 19 de Fevereiro não, nem pensar, é um dia de luto e não de festejo para mim.

Triste com tudo o que me tem acontecido nos últimos meses, estava uma tarde ensolarada, decidi pegar no carro sozinho e fui até Alverca beber um café, o café ficava perto de uma igreja e deu-me na telha ir à igreja, precisava de estar sozinho e em silêncio, mais que isso, precisava de um sítio onde pudesse sofrer psicologicamente em paz, sem ter de disfarçar, sem ter de ouvir observações, sem ser julgado por quem quer que seja, e que sítio melhor do que uma igreja para isso?

Eu ao entrar na igreja lembrei-me que não faço a mínima ideia como se reza, ou como se ora, portanto eu digo que fui lá manifestar os meus votos, nunca li a Bíblia na minha vida, não conheço nenhuma oração, não faço a mínima ideia como "proceder" numa igreja, portanto apenas sentei-me, esfreguei as mãos uma na outra e comecei a pensar alto tudo o que me ia na cabeça, sentia que tinha mil toneladas em cima da cabeça, era um ambiente pesado mas ao mesmo tempo extremamente sossegado.

Lembro-me que fiz votos pelo meu avô, pela mãe da minha ex-namorada (também faleceu num 19 de Fevereiro, à dois anos), pela minha ex-namorada (sim, pela minha ex, apesar de ser a ex eu gosto dela e desejarei sempre que as coisas lhe corram bem), e finalmente, por mim, por nunca me sentir tão perdido e desorientado na minha vida como agora, perder o emprego, perder amigos, perder a namorada e a memória do fatídico dia 19 de Fevereiro de 2004, é algo que me arrasa totalmente, psicologicamente prega-me ao chão com uma enorme violência, são muitas coisas más em pouco tempo, talvez mais do que consigo aguentar, tenho-me agarrado muito ao álcool no último mês, como forma de tentar escapar a tudo isto, é verdade que não resolve problemas, mas fazer algo parece sempre melhor do que não fazer nada, certo?

Quando "caí na real" estava a ouvir fecharem as portas, eram 17h e eu estava lá dentro à meia hora, fiz algo diferente e não me arrependo de o ter feito, talvez aquela igreja seja o meu "muro das lamentações", onde possa lamentar ou o que quer que seja em paz, sem comentários ou julgamentos.

Não contei isto a ninguém, não queria que soubessem deste meu acto, digamos que se perguntarem às pessoas que me conhecem qual os sítios mais improváveis de eu estar, não se admirem de ouvir "numa igreja"...

Lembro-me de uma frase de uma professora do secundário que disse que no fim, depois de todos os assuntos, no "fim da linha", na hora da necessidade, tudo vai parar à religião. Talvez tenha razão, afinal de contas eu entrei numa igreja por me sentir perdido e desorientado, e nunca fui um tipo religioso, aliás sempre abominei a institucionalização das religiões como forma de manipulação de massas, mas também sempre defendi que a fé é algo pessoal e não colectiva.

Por fim, resta-me dizer que não espero milagres nem intervenções divinas, apenas esperança que as coisas comecem a correr melhor na minha vida.

"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra e da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam."
          Salmo 23:4






Tuesday, January 21, 2014

Rainha Sem Coroa

Às vezes dou por mim meio perdido
Vejo que não estás comigo
Sinto-me tão sem abrigo
Pensamento é vazio
Na espinha um arrepio
É contigo que eu agasalho o meu frio

Sei, que este amor está condenado
Pois tramado é o passado e não perdoa
Mesmo, que não volte a encontrar-te
hás-de ser sempre a minha Rainha sem Coroa

Lembro-me duns momentos,
Daqueles primeiros tempos
Onde fomos sobrepondo sentimentos
Foi tudo à flor da pele
Agitação do fel ou mel

Foi levantar e acordar no teu céu
Foi, ver a vida em outra escala
De tanto não querer deixá-la abandonou-me
E, só me resta recordá-la
e seguir em frente lembrando o teu nome

Queria, estar contigo mas o tempo não te deixa
Ficar comigo, gosto tanto de te ter
No meu sentido, nunca eu te quis perder
Fica comigo.

Artista: Bezegol
Música: Rainha Sem Coroa

Saturday, January 11, 2014

A Maldição Joana - Parte II

11 de Janeiro de 2014, faz exactamente 3 meses desde o fim do namoro com a Joana. Porque estou eu a falar disto ainda após 3 meses? Porque ainda não me saiu da cabeça, eis o porquê...

Sempre ouvi dizer na gíria, que quando um relacionamento acaba, no início as mulheres sofrem muito mais que os homens, e que com o passar do tempo elas vão sofrendo menos e os homens cada vez mais. Sabem que mais? É uma grande verdade, sem tirar nem pôr, crua e dura, é o que acontece mesmo...

Estupidamente, tenho sofrido muito mais nos últimos dois meses (desde o último post) do que durante o primeiro mês, e o pior de tudo é que é uma sensação tremendamente estúpida, como é possível sofrer-se mais actualmente do que na altura quando o relacionamento acaba? Eu não tenho resposta para isto, juro que não, mas estou a ser 100% honesto sobre os meus sentimentos.

Das poucas vezes que falei com a Joana, nenhuma delas pessoalmente, a conversa era sempre o mesmo padrão: respostas secas e discussões da parte dela, na verdade isto deixa-me muito triste, que é feito da consideração e do respeito? Tudo bem que o relacionamento acabou, apesar de cada um de nós termos opiniões diferentes sobre como a coisa se devia desenrolar, não houve nenhuma guerra propriamente dita, insultos ou ofensas corporais, na verdade nada que justificasse aquele tipo de reacções da parte da Joana, eu sei que ela tem um feitio que faria espécie ao próprio Diabo, mas ainda assim...

Tinha-lhe dito que precisava de falar pessoalmente com ela, à coisa de um mês talvez, ao que ela me tinha respondido que quando fosse possível me dizia, no entanto como eu já sei o que a casa gasta sabia que de vez em quando tinha que lhe fazer um "lembrete" acerca deste assunto, durante a última conversa que tive com ela fez questão de deixar-me bem claro que não tencionava falar comigo, que tinha de a esquecer e "daqui a uns anos quem sabe voltemos a falar", esta atitude, ou melhor, falta dela, da parte da Joana deixou-me um bocado irritado, não a acção em si porque já nada me espanta naquele ser, mas sim porque fez-me recordar que as promessas da Joana duram tanto como manteiga em nariz de cão, como é que é possível que uma miúda tão cheia de atitude como a Joana que eu conheci, e pela qual me apaixonei, se tenha tornado algo com um comportamento tão mesquinho e desprezível?

E como um mal nunca vem só, a má notícia anteriormente escrita veio acompanhada de outra ao mesmo nível, ela disse-me que tinha seguido em frente e que andava a curtir com um rapaz, algures dos lados de Leiria. Isto por si só não tem mal nenhum, mas o que é certo é que eu quando li isso senti-me como se tivessem disparado uma caçadeira à queima-roupa no meu peito, caiu-me muito mal mesmo, fiquei extremamente desanimado, não sei se era porque talvez achasse que algum dia isto voltaria ao rumo normal, se é por gostar dela ainda, não sei mesmo, mas seja como for, fiquei mal com essa "novidade", mas talvez tenha sido uma "terapia de choque" necessária, não no bom sentido claro, mas às vezes há males que vêm por bem, espero que este seja um desses casos.

Tenho de certa forma, evitado sair com os amigos do costume, e por vezes sou criticado por isso claro, mas se eu mesmo já estou farto de me ouvir sobre este assunto, como não estarão os meus amigos? Para andar a ser um frete para mim e para os outros, prefiro abster-me e ficar quieto num canto, onde na pior das hipóteses, só me incomodo a mim mesmo sobre isto. Falei com os meus amigos acerca deste assunto pelo menos uma vez, para saber o que tinham a dizer, qual era a sua opinião sobre isto, mas este é daqueles casos em que ninguém pode fazer nada, depende só de mim, e no fundo eu sei isso, simplesmente estava esperançoso de ouvir uma resposta qualquer que fizesse a diferença ao invés da habitual resposta que a larga maioria me dava, e que eu detesto de morte, o tal "ehpah caga nisso!", pois bem, a parte do "caga nisso" é óbvio que é algo que sei desde o início, que tenho de "cagar nisso", mas o que eu queria saber era se há alguma maneira de ajudar a "cagar nisso", é isso que eu espero de um amigo, não um simples "caga nisso" que podia ter sido vociferado por um bêbado qualquer numa tasca que não me conhece de lado nenhum. Das pessoas com quem falei, só um ou dois me disseram algo que considerei minimamente útil, tudo o resto mais valia estar calado, serve de nota para o futuro, afinal temos de saber que tipo de coisas podemos falar com cada pessoa.

A resposta mais útil que tive, basicamente eram um rol de perguntas, se eu teria mudado algo na minha relação, se eu teria feito algo de outra maneira, uma espécie de retrospectiva mental ao relacionamento, disse que não me mudaria nada, que não teria feito nada de outra maneira porque fiz tudo o que estava ao meu alcance por aquela relação, eu amava (e amo) a Joana, fui feliz com ela, não me arrependo de nada e se o tempo voltasse atrás teria feito tudo da mesma forma porque não me arrependo de nada. Basicamente foi essa a minha resposta, ao que depois me responderam de volta "não precisas de mais nada, acabaste de dar a resposta ao que tu mesmo precisas, tens tudo à tua frente, não te arrependeste da relação, não mudavas nada, fizeste tudo o que podias, foste feliz e aprendeste com a relação, e no fim foi ela que acabou e não tu, infelizmente não estava destinado a resultar, mas a culpa não é tua, mentaliza-te disso e segue em frente". Eu concordo, no entanto é mais fácil falar do que fazer, mas não invalida nem uma única letra.

Escusado será dizer que tenho pensado muito sobre isto desde o sucedido, e talvez por ter sido a minha primeira relação séria, um namoro no verdadeiro sentido, me sinta intrigado com isto, como é que é possível de um momento para o outro, todos os momentos que duas pessoas passaram juntas, tudo o que fizeram, tudo o que disseram, tudo o que pensaram, todos os esforços e sacrifícios, todas as brincadeiras, as apresentações à família, os "amo-te muito", os passeios de mão dada, e tudo o mais que tenha havido, como é que tudo isto de um momento para o outro é como se nunca tivesse existido? É isto que me choca na brutalidade como a Joana me tem respondido quando lhe dizia alguma coisa, como se estivesse a falar com alguém que lhe fez muito mal ou que não tem nenhum passado em comum, é isto que me deixa triste e irritado. Eu comparo este sentimento com uma analogia, a do escritor, suponhamos um escritor que tenha acabado de escrever um livro de centenas ou milhares de páginas, e de repente alguém pega nesse livro e atira-o para uma fogueira sem o escritor poder fazer nada, apenas vê o fogo a queimar as páginas da sua obra, e ao questionar a pessoa que o atirou, ainda ser insultado como se estivesse a fazer algo de mal, ele sabe que escreveu um livro, conhece a sua história, mas sabe que será impossível escrevê-lo de novo, tudo o que resta são as lembranças de um livro que não existe mais. Tal como eu, tudo o que me resta são lembranças de um namoro que já não existe mais...

Desde a última conversa com a Joana, em que ela disse que não queria mais falar comigo, nunca mais lhe disse nada, não por não querer, mas por saber que não é boa ideia, para ser "recebido com duas pedras na mão", não vale a pena.

Tenho mesmo muita pena que tudo isto se tenha desenrolado assim, no entanto é algo que não posso fazer nada, serve-me minimamente de consolo o facto de da minha parte nunca ter desistido da relação e de ter feito tudo quanto me foi possível. A Joana continua bem presente na minha cabeça, todos os dias a quase toda a hora, mas espero que com o tempo isto vá passando e me permita ter de novo o espírito aventureiro que sempre me caracterizou nos últimos anos, afinal se todos ou quase todos os homens passaram por isto, eu não sou assim tão diferente deles para não conseguir superar isto com o tempo. Uma vez li não sei onde, que o que conta é a intensidade dos momentos e não a duração dos mesmos, não podia concordar mais.

E por tudo o que tenho sofrido, continuo a referir-me a todo este assunto como a 'Maldição Joana', sem tirar nem pôr...